MIGUEL GARDINI

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MIGUEL GARDINI - O cidadão pode ver que a separação dos residuos dá resultado imediato para a natureza!!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Boa vontade para tratar o lixo de forma correta

Jornal de Londrina

Quinta-feira, 5 de maio de 2011

Meio Ambiente

Foto: Antonio Roberto/Ilustrado
Rubens Sampaio, da prefeitura de Umuarama: 30 trabalhadores recolhem 1,5 mil kg de recicláveis por dia na cidade

RECICLAGEM

Boa vontade para tratar o lixo de forma correta

Trabalhos realizados em cidades como Nova Esperança, Ibiporã e Umuarama envolvem a comunidade e se tornam referência nacional
04/05/2011 | 00:07 Marcus Ayres, da Gazeta Maringá, e Osmar Nunes, correspondente em Umuarama








O aumento na geração de resíduos tem causado uma série de problemas em vários municípios do país, tais como a redução da vida útil dos aterros sanitários e o recorrente uso dos “lixões”, que geram prejuízos ao meio ambiente. Neste cenário, algumas cidades do Paraná têm se destacado pelo trabalho realizado com a destinação final do lixo. Em comum, esses projetos buscam envolver a comunidade no processo de conscientização ambiental.

Em Nova Esperança, na Re­­gião Noroeste do estado, desde 2009 todos os moradores devem deixar o material reciclável separado para a coleta, o que reduz a quantidade de resíduos encaminhados ao aterro. Quem desrespeita a norma não tem o lixo removido, medida que teve apoio da Promotoria de Proteção do Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná. A Promotoria firmou um termo de ajuste com as empresas da cidade para que elas deem uma destinação correta aos resíduos.
O município tem feito uma campanha de conscientização, com a divulgação de informativos no jornal e na emissora de rádio da cidade e realização de palestras com estudantes e professores da cidade. Com as medidas, a secretária municipal do Meio Ambiente, Adélia Picheck Faganelo, estima que aproximadamente 90% dos moradores da cidade (que tem uma população de 26,5 mil habitantes) separem o lixo.
Exemplos
Veja as iniciativas de três cidades do Paraná que vêm se destacando na coleta seletiva de lixo:
Nova Esperança
- Desde 2009 é feita a separação do material reciclável do lixo comum;
- Quem desrespeita a norma não tem o lixo removido;
- Campanha de conscientização entre a população. Cerca de 90% dos moradores da cidade separam o lixo;
Ibiporã
- Em 2008, a população passou a ser conscientizada para a separação do lixo em três grupos: orgânico (restos de comida), rejeitos (fraldas, papel higiênico, etc) e recicláveis (plástico, vidro, papel, etc);
Umuarama
- Incentivo ao trabalho de educação ambiental em escolas, igrejas e condomínios;
- A coleta seletiva é feita com o auxílio de 30 catadores;
- Em breve, usina de compostagem, orçada em R$ 1,2 milhão, será instalada no município.
Catadores
Para facilitar a separação dos recicláveis, os caminhões que recolhem lixo em Nova Esperança são acompanhados por uma carreta da cooperativa de catadores da cidade, a Cocamare. Todo o material reciclável (cerca de 70 toneladas mensais) é encaminhado para a sede do grupo, que tem 40 trabalhadores.
O terreno da cooperativa foi cedido pela prefeitura, que arca com os custos de energia elétrica, água, motorista, combustível e cestas básicas. No fim do mês, cada catador recebe cerca de R$ 600 no rateio da produção. “Todo esse trabalho é como se fosse uma orquestra. Cada um vai tocando seu instrumento e cuidando para não desafinar”, comparou Adélia. No ano passado o projeto rendeu ao município um prêmio dado pela associação Cempre (Compromisso Em­pre­sarial para a Reciclagem), que homenageia as iniciativas que ampliam e melhoram o processo de coleta seletiva no país.
Separação
Outra experiência que despertou o interesse de municípios (como Rondonópolis, em Mato Grosso, e Limeira, em São Paulo) é o projeto desenvolvido em Ibiporã, cidade com 47,9 mil habitantes no Norte do Paraná. Desde 2008, a população passou a ser conscientizada para a separação do lixo em três grupos: orgânico (como restos de comida), rejeitos (fraldas, papel higiênico, absorventes e papéis sujos) e recicláveis (plásticos, vidros, metais, alumínio, papel e papelão).
A medida foi adotada por causa da ameça de o aterro da cidade ficar sobrecarregado. Segundo o diretor de Limpeza Pública de Ibiporã, Miguel Gardini, o aterro recebia cerca de 30 toneladas de lixo por dia e hoje apenas aproximadamente 5 toneladas diárias.
Atualmente, 60% do material descartado em Ibiporã é reciclado. Outros 20% são lixo orgânico, que passa pelo processo de compostagem e é transformado em adubo. “Apenas 20% de rejeito fica no município, diminuindo o uso do aterro. A vala, que estava com a capacidade quase esgotada, hoje tem espaço para armazenar material por mais um ano e meio tranquilamente”, diz Gardini.
Educação
Em Umuarama, no Noroeste do estado, a meta é reduzir para quase zero o envio de lixo para o aterro sanitário. Para isso, o município de 100 mil habitantes está incentivando o trabalho de educação ambiental em escolas, igrejas e condomínios. A prefeitura também está instalando a usina de compostagem, orçada em R$ 1,2 milhão, na área do aterro.
Mesmo sem a conclusão da usina de compostagem, o município já faz o trabalho de coleta seletiva, por meio da cooperativa de catadores da cidade. Segundo o diretor da Divisão de Meio Ambiente da prefeitura de Umuarama, Rubens Sampaio, o grupo de 30 trabalhadores recolhe atualmente cerca de 1,5 mil kg de lixo reciclável por dia, em dez bairros. Até o fim deste ano, a prefeitura pretende do­­brar a equipe de trabalho e ampliar a coleta para todo o município. A meta é reduzir quase a zero o envio de lixo para o aterro sanitário.
Moradores que não separam devem ser penalizados, diz MP
O promotor Sérgio Luiz Cardoni, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, do Ministério Público do Paraná (MP-PR), defende que medidas como as adotadas em Nova Esperança, onde o morador que não faz a separação adequada deixa de ter o lixo removido, sejam adotadas em todo o Paraná. “O Ministério Público está disposto a levar essa situação para ser discutida em outras cidades. Vamos conversar com os prefeitos”, diz.
Na opinião da professora de Engenharia Ambiental da Ponti­fícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Patrícia Sottoriva, as experiências positivas no tratamento dos resíduos sólidos podem ser levadas para outros municípios, mas os resultados só serão positivos quando as grandes cidades criarem estruturas para agregar empresas de reciclagem.
“Hoje, a logística é o desafio, porque as grandes recicladoras estão em São Paulo e Minas Gerais. É necessário que os maiores municípios do estado se organizem para atrair esse tipo de empresa, criando polos de reciclagem”, diz Patrícia, que é doutora em gerenciamento de resíduos sólidos. “Aliado a isso, as cidades de pequeno porte devem fazer o gerenciamento dos seus resíduos e comercializar os materiais com as recicladoras. Isso facilitaria o trabalho e reduziria os custos.”
As experiências realizadas em Nova Esperança, Umuarama e Ibiporã foram debatidas no fim de abril durante o Fórum Municipal Lixo e Cidadania, em Sarandi, no Norte do estado. Segundo o prefeito Carlos de Paula, a prefeitura de Sarandi pretende reduzir os custos com a coleta de lixo, que hoje é feita por uma empresa terceirizada. Atualmente, o município paga cerca de R$ 250 mil mensais para que 45 toneladas de lixo sejam depositadas no aterro da cidade.

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